Justificativa: Este trabalho justifica-se ser relevante ao entendimento mais aprofundado sobre os significados de abate de suínos para as famílias da região que a realizam, uma vez que esta instituição necessita compreender como operam os sujeitos próximos a ela.

Objetivos: Este trabalho tem por objetivo compreender o processo de transformação do animal em comida em âmbito familiar, com o intuito de evidenciar os saberes tradicionais que permeiam a prática de abate doméstico de animais. Metodologia: a metodologia escolhida para a elaboração deste trabalho é o método etnográfico. Este método permite um contato mais próximo do investigador com o objeto de estudo. De abordagem qualitativa, este método tornou possível a intenção de compreensão dos sentidos atribuídos ao abate de porcos pelos integrantes da família. A técnica de coleta de dados utilizada foi o diário de campo, onde se registrava todo o processo de carneação do animal. Resultados e discussão: Observou-se que o processo de transformação do animal em comida – suíno em salame, por exemplo – pode ser realizada de duas formas: em âmbito familiar ou industrial com os frigoríficos. Mas há diferenças significativas entre elas, por isso uma não substitui a outra. Isto é, estas práticas familiares estão atreladas a saberes que são antigos, perpassados por gerações e conduzem a vários aspectos que vão além da carneação. A prática da carneação é o momento, além do trabalho, do convívio familiar, de espaços de sociabilidade e diversão. Os membros da família entendem que o abate caseiro de porcos significa uma alimentação mais saudável, uma vez que os animais não possuem seu desenvolvimento acelerado por produtos químicos, pois serão alimentos que foram um dia alimentados pelo grupo familiar, evidenciando-se uma troca entre humanos e não humanos.

Referências bibliograficas:

Froehlich, Graciela. Carne(ar), no passado e no presente: hábitos e práticas alimentares entre descendentes de imigrantes alemães. Campos 12(2):69-82, 2011.

DaMatta, Roberto, O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco: 1986