Colégio Agrícola de Frederico Westphalen
As minhocas, animais anelídeos da classe Oligoqueta, desempenham papel predominante na formação e manutenção da estrutura do solo, principalmente através dos túneis, das galerias e dos coprólitos (excrementos) que produzem. As características físicas e químicas destas estruturas, assim como sua distribuição espacial e temporal definem em grande parte a boa qualidade da camada superficial agricultável do solo, facilitando a retenção de nutrientes e a infiltração de água no perfil. As minhocas ingerem seletivamente partículas orgânicas, que ao passarem pelo intestino, podem sofrer decomposição e/ou proteção nos coprólitos que contribuem para a formação de agregados estáveis e protegem parte desta matéria orgânica de uma mineralização rápida. Os coprólitos são ainda locais de alta atividade microbiológica e concentram macro e micronutrientes, constituindo assim uma reserva de nutrientes potencialmente disponíveis para as plantas. Sendo assim, a minhocultura é uma atividade muito interessante para a produção de adubo orgânico de qualidade nas propriedades familiares. O húmus de minhoca, além de ser rico em nutrientes para as plantas, ajuda a melhorar as características físicas do solo, como a aeração e a retenção de água. Ao contrário do que grande parte dos agricultores pensa, a principal causa do insucesso de um minhocário está no manejo inadequado e não na falta de uma maior infraestrutura, feita com tijolos, telhas e cimento. Um minhocário de baixo custo deve ser construído com materiais disponíveis na própria propriedade e pode ser adaptado a diversas condições. Pode-se confeccionar vários tipos de minhiocários, desde o mais simples ao mais complexo. O trabalho em questão sugere a construção de um minhocário composto de três caixas plásticas, sendo que as duas de cima são cheias de terra. No recipiente superior, ficam cerca de 200 minhocas que vão realizar o processo. Em geral, são usadas minhocas californianas, especialistas em restos orgânicos. Sobras como cascas de legumes e pedaços de frutas, são despejadas nesta caixa. Após cobre-se tudo com serragem ou palha, para manter a umidade, fecha-se a tampa e as minhocas partem para a ação. Assim que fica cheia, esta caixa vai para o segundo andar, onde, por cerca de dois meses, as minhocas vão trabalhar na digestão. O recipiente que estava no segundo andar vai para o topo, onde receberá os novos restos de comida. Enquanto rola o processo de decomposição do material, um líquido rico em nutrientes e livre de bactérias escorre para a caixa da base, onde fica armazenado. Esse chorume pode ser coletado e depois ser pulverizado nas plantas, servindo de adubo e pesticida.
Referências bibliograficas:
SCHIEDECK, G.; GONÇALVES, M. de M.; SCHWENGBER, J. E. Minhocultura e produção de húmus para a agricultura familiar. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006. 11 p. (Embrapa Clima Temperado. Circular técnica, 57).