IFFar-FW
A neuroeducação, ao integrar os avanços da neurociência às práticas pedagógicas, tem demonstrado que a emoção não deve ser vista como um obstáculo, mas como um elemento essencial para a aprendizagem. A atenção, a memória e o engajamento dos estudantes estão diretamente relacionados à forma como vivenciam as experiências emocionais no ambiente escolar. Contudo, ainda se observa entre muitos docentes a dificuldade em transpor para a prática pedagógica as descobertas científicas que evidenciam a inseparabilidade entre emoção e cognição (Damásio, 1996; Immordino-Yang, 2015), bem como a relevância da plasticidade cerebral para a aprendizagem (Herculano-Houzel, 2010). Este trabalho, de caráter qualitativo e fundamentado em revisão integrativa da literatura, tem como objetivo identificar e sistematizar estratégias pedagógicas baseadas na neuroeducação que possam contribuir para processos de ensino e de aprendizagem que valorizem a emoção como aspecto básico para o aprender, assim como os processos cognitivos aos quais ela está intrinsecamente ligada. Foram consultadas produções acadêmicas publicadas entre 2010 e 2024, priorizando aquelas que abordam a relação entre emoção e cognição no contexto escolar. A análise dos estudos revelou quatro pilares centrais: (1) o desenvolvimento da educação socioemocional explícita, com atividades que favoreçam a autorregulação e o reconhecimento das emoções; (2) a adoção de metodologias ativas e multissensoriais, como jogos, projetos e narrativas, capazes de mobilizar diferentes áreas do cérebro; (3) a construção de um ambiente seguro e acolhedor, em que o erro seja compreendido como parte do processo de aprendizagem; e (4) o uso de feedback imediato e construtivo, que estimula a motivação e fortalece os circuitos de recompensa. Conclui-se que a aplicação intencional dessas estratégias promove não apenas a melhoria do desempenho acadêmico, mas também o desenvolvimento integral dos estudantes, fortalecendo os vínculos entre professores e estudantes e tornando a sala de aula um espaço mais humano, inclusivo e que oportunize aprendizados.
Referências bibliograficas:
DAMÁSIO, A. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
HERCULANO-HOUZEL, S. Coordinated scaling of cortical and cerebellar numbers of neurons. Frontiers in Neuroanatomy, v. 4, art. 12, 2010.