Este trabalho tem como objetivo examinar os efeitos dos governos do período da ditadura militar brasileira sobre o meio ambiente. Serão abordados efeitos no meio ambiente, justificados sob o apelo do regime pelo desenvolvimento econômico, mas sob exploração desenfreada da natureza e violação dos direitos humanos cometida contra os povos originários. A metodologia adotada baseia-se em pesquisa bibliográfica sobre o tema, a partir da qual foram analisados artigos acadêmicos e matérias jornalísticas que subsidiaram as autoras no estudo aprofundado da temática a partir da disciplina de Sociologia no contexto do Curso Técnico em Administração. O material foi construído sintetizando os dados em tópicos, possibilitando uma análise crítica e aprofundada sobre as dimensões ambiental e social, tendo com referência a autores como Moreno (2022), Alencar (2024) e Poerner (2025), e sua organização para exposição durante a Mostra Regional de Ciências do IFFar-FW em 2025. A pesquisa oportunizou a compreensão de como as políticas do período, registradas em documentos públicos e arquivos oficiais revelam que sob uma justificativa de modernização e desenvolvimento houve consequências sociais dramáticas para existência e manutenção das culturas dos povos indígenas em sua multiplicidade (étnica, simbólica, linguística, de hábitos e costumes) e ambientais que permanecem gerando efeitos até os dias de hoje. Dessa forma, o trabalho observa estes efeitos em três tópicos principais. O primeiro considera a ‘demonização’ das áreas verdes no Brasil, propagada pelo então governo militar, por meio de diversas campanhas, como “A Amazônia Já Era!”. O segundo destaca o genocídio dos povos indígenas, os quais eram retratados como “vilões” do progresso nacional e como responsáveis pelos problemas de subdesenvolvimento do país. O terceiro ponto destaca as consequências ambientais e sociais provocadas pela premissa desenvolvimentista imposta pela ditadura militar. Durante a pesquisa identificou-se como grandes construções realizadas a partir dos planos de desenvolvimento de infraestrutura no período incluíram a construção de hidrelétricas e da rodovia transamazônica, por exemplo, e como essas obras que provocaram desmatamento desenfreado, degradação de ecossistemas e a expulsão violenta dos povos indígenas de territórios historicamente ocupados. Em contrapartida ocorreu um significativo desenvolvimento econômico, o qual beneficiou, em boa medida, parcelas já privilegiadas da sociedade a custo de vidas indígenas e destruição ambiental. Os resultados convidam à reflexão da comunidade acadêmica sobre como os governos militares, com supressão da participação social representativa pela censura política, fundamentaram iniciativas de desenvolvimento que ampliaram desigualdades sociais e aprofundaram diversos impactos ambientais. Espera-se que essa reflexão contribua para ampliar a visão crítica e realista sobre o período, reconhecendo que a democracia e a escuta ampla da sociedade deve ser parte do que se projeta como desenvolvimento econômico e social, desconstruindo propagandas que afirmam que a ditadura militar foi um período de progresso e desenvolvimento pleno, ocultando os efeitos relatados. Assim, destaca-se a importância de refletir sobre como as iniciativas de desenvolvimento devem ir além do âmbito econômico ou interesse segmentado, considerando também como eixo fundamental de desenvolvimento a integridade social e ambiental do país.

Referências bibliograficas:

MORENO, D. H. H. Os impactos dos planos de desenvolvimento sobre o meio ambiente no período da ditadura. Foz do Iguaçu, PR, Revista do Desenvolvimento Regional, p. 53-73, v. 19 n. 4, out./dez., 2022. Disponível em: https://seer.faccat.br/index.php/coloquio/article/view/2658. Acesso em: 28 ago. 2025.

ALENCAR, J.; Gomes, S. Exposição na USP mostra os impactos de construções realizadas na ditadura militar. São Paulo, Jornal da USP, 2024. Disponível em: https://jornal.usp.br/cultura/exposicao-na-usp-mostra-os-impactos-de-construcoes-realizadas-na-ditadura-militar/. Acesso em: 28 ago. 2025.

POERNER, B. A agenda ambiental da ditadura militar brasileira. Disponível em: https://elastica.abril.com.br/especiais/ditadura-brasil-meio-ambiente-destruicao-indigena/. Acesso em: 28 ago. 2025.