Quando mulheres escrevem mulheres: a discussão do feminino na literatura brasileira contemporânea

IFFar-FW

BEATRIZ RUBIN MARQUESAN 1 ; BETINA VITóRIA WEBERS BONFANTI 2 ; BRENDA PEREIRA SCHüLER 3 ; EDUARDA FASSINI 4 ; ELISA BITENCURT CEOLIN 5 ; ARIANE AVILA NETO DE FARIAS 6
1 e-mail: beatriz.2023300389@aluno.iffar.edu.br 2 e-mail: betina.2023309633@aluno.iffar.edu.br 3 e-mail: brenda.92075@aluno.iffar.edu.br 4 e-mail: eduarda.2023300422@aluno.iffar.edu.br 5 e-mail: elisa.2023313681@aluno.iffar.edu.br 6 e-mail: ariane.farias@iffarroupilha.edu.br

“Quando mulheres escrevem mulheres" é um projeto de pesquisa do IFFar, Campus Frederico Westphalen, cujo objetivo é refletir acerca da produção de escritoras brasileiras contemporâneas que escrevem sobre a construção e a perspectiva das personagens femininas na literatura. A pesquisa foi conduzida a partir da leitura de obras ficcionais, tais como O peso do pássaro morto, de Aline Bei; Amora, de Natália Polesso; Dias de se fazer silêncio, de Camila Maccari; Mata doce, de Luciany Aparecida; A vida invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha, A segunda mãe, de Karin Hueck e Louças de Família, de Eliane Marques. A partir das obras analisadas, observou-se um dinamismo na representação das narrativas do feminino na literatura, em contraste com uma sociedade marcada pela estrutura patriarcal que impõe narrativas padronizadas acerca das mulheres, ainda que cada autora adote enredos que seguem fluxos e estruturas distintas, todas convergem ao caracterizar em suas narrativas mulheres que fogem do idealismo feminino. Nesse sentido, as reflexões dispuseram de diversas interpretações relacionadas às realidades descritas. Em O peso do pássaro morto, a escrita de Aline Bei revela um ambiente tenso e violento, no qual é tecida a trajetória de uma mulher, que assim como muitas outras, teve sua vida limitada ao lhe ser atribuído apenas o papel de cuidado. Natália Polesso em Amora, enlaça histórias de diversidade e sexualidade; Ao entregar uma narrativa sensível sobre afetos, o livro demonstra a pluralidade de formas de amor, fugindo de um padrão heteronormativo. Dias de fazer silêncio de Camila Maccari, nos leva a refletir sobre a solidão e o luto após a morte de um membro da família, e a partir disso, a autora nos leva por um caminho poético sobre perdas e a reconstrução de laços familiares. Já em Mata doce, Luciany Aparecida nos entrega uma história repleta de símbolos e ancestralidades, com personagens que têm suas vidas marcadas por violências sociais e de gênero. A vida invisível de Eurídice Gusmão de Martha Batalha retrata o silêncio das mulheres brasileiras do século XX, que nunca foram ouvidas e que tiveram seus sonhos, talentos e histórias interrompidos. Nesse mesmo contexto, Karin Hueck escreve uma história que questiona os papéis de gênero e maternidade dentro de um círculo familiar. Em Louças de Família, de Eliane Marques, a narrativa é montada a partir de fragmentos da memória familiar, uma denúncia à exploração e as violências de etnia e gênero, como pilares do trabalho doméstico. Em conclusão, os debates realizados acerca da representação feminina na literatura apontam um ambiente ainda praticamente dominado pelo masculino, e demandam o estímulo de discussões como as propostas pelo projeto de pesquisa a fim de que esse cenário seja invertido. A produção das autoras analisadas, bem como as demais brasileiras contemporâneas, evidência as nuances femininas a partir da perspectiva das próprias mulheres e expõe suas diferentes realidades, despojando os estereótipos reservados a elas desde a antiguidade e quebrando com os padrões de gênero que colocam, por exemplo, a mulher como submissa ou restrita aos cuidados do lar.

Referências bibliograficas:

APARECIDA, Luciany. Mata doce. São Paulo: Alfaguara, 2023.

BEI, Aline. O peso do pássaro morto. São Paulo: Editora Nós, 2017.

BATALHA, Martha. A vida invisível de Eurídice Gusmão. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

HUECK, Karin. A segunda mãe. São Paulo: Todavia, 2023

MACCARI, Camila. Dias de se fazer silêncio. [s.l.]: Bestiário / Class (Grupo Autêntica), 2020.

MARQUES, Eliane. Louças de família. São Paulo: Autêntica Contemporânea, 2023

POLESSO, Natália Borges. Amora. Porto Alegre: Não Editora, 2016.

Palavras chaves: Literatura brasileira contemporânea; literatura feminina; mulheres; personagens femininas; gênero.

Obs.: Este resumo contém 499 palavras