IFFar - Campus Frederico Westphalen
Atualmente o Brasil tem sido conhecido por sua agricultura convencional, isto é, que privilegia os ganhos econômicos, enquanto relega o bem estar ambiental e social (ACOSTA; BRAND, 2018). Relegar o bem estar ambiental tem a ver com: i) o uso excessivo de agrotóxicos (o Brasil é o maior consumidor do mundo); e ii) manejo convencional do solo (somente 19% das propriedades rurais praticam o plantio direto). E relegar o bem estar social tem a ver com: i) o uso da mão de obra no campo (as denúncias de trabalho informal, precarizado e análogo ao escravo são inúmeras nas atividades agrícolas); e ii) com o fosso de desigualdade no campo (metade dos estabelecimentos rurais possuem área de terra até 10 ha enquanto que 0,97% possuem cerca de 45% da totalidade da terra destinada à agropecuária) (IBGE, 2023). Diante de um cenário como esse, um recurso utilizado por esses setores foi o de positiva-los por meio de um recurso ideológico em que se retira o significante “agro” da palavra “agronegócio”, sacralizando-o (GERHARDT, 2021) e o de desmoralizar as agriculturas não convencionais, como é o caso da agricultura camponesa, fruto de movimentos sociais, que leva em consideração o bem estar ambiental e social no seu modo de fazer agricultura, demonizando-os. Por conta disso, este trabalho tem como objetivo apresentar a história e o funcionamento de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado na Fazenda Annoni, em Sarandi/RS, com o intuito de mostrar que formas alternativas de agricultura, pautadas na soberania alimentar, no conhecimento tradicional e no bem estar ambiental e coletivo são possíveis. Para esse trabalho, apresentaremos o funcionamento desse assentamento, sua infraestrutura, os benefícios proporcionados às famílias assentadas, as práticas agrícolas alternativas às utilizadas pelo modelo tradicional agroindustrial e a constante construção na luta pela reforma agrária na prática com atos coletivos, bem como o modelo de educação popular adotado dentro das escolas. Nesse sentido, para a elaboração do trabalho foi realizada uma visita aos assentamentos, entrevistas com os moradores e com figuras históricas do movimento, com imagens capturadas pelos próprios estudantes dos momentos e locais de importância, a fim de exibi-lo no estande da Mostra de Ciências juntamente com produtos da reforma agrária. Espera-se com isso, desmistificar conceitos da propaganda negativa construída nas últimas décadas acerca do movimento social legítimo e popular.
Referências bibliograficas:
ACOSTA, A.; BRAND, U. Pós-extrativismo e decrescimento. Saídas para o labirinto capitalista. São Paulo: Elefante, 2018.
GERHARDT, C. Agronegócio "desde o gene até o meme": a invasão do vírus/totem agro. Mana. Rio de Janeiro, v. 27, n. 3, 2021.
IBGE. Possui informações acerca do Censo agropecuário de 2006 e 2017. 2023.