IFFar - Campus Frederico Westphalen
Nos últimos anos, a área de estudos das Ciências Sociais tem se deparado com o desafio de analisar um novo fenômeno ideológico que são as novas direitas no Brasil. Embora as ideologias sejam comumente institucionalizadas em partidos políticos, as atuações das chamadas “novas direitas” ampliam seus discursos em diversos espaços, em especial no cyberespaço. Embora não se trate de um grupo homogêneo (OLIVEIRA, LEITE e MARQUES, 2021), destacamos as atuações neonazistas para descortinar neste trabalho. Miguel (2018) aponta para três eixos de atuação mais extremados das novas direitas: o libertarianismo, o fundamentalismo religioso e o novo anticomunismo. O libertarianismo entende a igualdade como entrave para a liberdade. O fundamentalismo religioso combate a inclusão de grupos minoritários nos espaços de privilégio ocupados pelas elites. E a reciclagem do anticomunismo reitera a perseguição aos grupos que supostamente desejam destruir a família e a propriedade, ou seja, atacam quaisquer políticas que se proponham a combater a desigualdade proporcionada por questões relativas ao gênero e à diversidade étnica (MIGUEL, 2018). Gestado no anticomunismo contemporâneo, um projeto chamado “Escola sem Partido” apontou os educadores como sujeitos que se aproveitariam da inocência dos estudantes para disseminar ideias marxistas. Diante disso, BARROS (2021) realizou uma pesquisa mostrando como docentes se tornaram inimigos da nação e constatou que, por meio da internet, os discursos de ódio se ampliam e se potencializam. Tal estratégia – de utilizar o cyberespaço para disseminar o ódio contra grupos subalternizados – permanece atualmente. Por conta disso, o objetivo deste trabalho é expor os discursos de ódio propagados no cyberespaço escolar a fim de combater a proliferação destas ações nesse espaço. Para a realização deste trabalho coletamos diversos discursos postados por estudantes do IFFar em redes sociais e em grupos de Whatsapp que consideramos ofensivos aos grupos subalternizados, como negros, indígenas, pobres e mulheres. Estes discursos estarão expostos no dia da Mostra de Ciências, mas os nomes dos autores e das pessoas a quem a ofensa era dirigida serão ocultados. Em relação aos resultados, foi criado um perfil no instagram denominado “garota do blog antifascista”, em alusão ao seriado “gossip girl”, com o objetivo de ampliar a busca por postagens que ofendessem grupos subalternizados. No mesmo dia, outro perfil com a denominação “garota do blog do IFFar” foi criado para disseminar mentiras e ofensas contra os estudantes da instituição e nada teve a ver com o nosso trabalho. Diante disso, podemos observar como o suposto anonimato na internet potencializa o ódio e é exatamente o ódio que desejamos combater.
Referências bibliograficas:
BARROS, N. F. O movimento escola sem partido e a popularização do ódio aos docentes. Em Tese, Florianópolis, v. 18, n. 2, p. 245-269, 2021.
MIGUEL, L.F. A reemergência da direita brasileira. In. MIGUEL, L. F. et al. O ódio como política: a reinvenção da direita no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018.
OLIVEIRA, A. S.; LEITE, B. R. M.; MARQUES, R. S. As novas direitas no Brasil e as estratégias de comunicação política nas mídias sociais. Em Tese, Florianópolis, v. 18, n. 2, p. 245-269, 2021.