A Guerra "Feminina": Memórias de Mulheres Soviéticas na 2ª Guerra Mundial

IFFar - Campus Frederico Westphalen

Betina Vitória Webers Bonfanti 1 ; Daniela de Souza 2 ; Eduarda Vargas Born 3 ; Igor Bottega Falcão 4 ; Cesar Augusto Gonzalez 5
1Estudante do Curso Téc. em Informática (1º ano, T 14), e-mail: betina.2023309633@aluno.iffar.edu.br 2Estudante do Curso Téc. em Informática (1º ano, T 14), e-mail: daniela.2023313618@aluno.iffar.edu.br 3Estudante do Curso Téc. em Informática (1º ano, T 14), e-mail: eduarda.2023313627@aluno.iffar.edu.br 4Estudante do Curso Téc. em Informática (1º ano, T 14), e-mail: igor.2023314320@aluno.iffar.edu.br 5Professor de Língua Portuguesa e Literatura, e-mail: cesar.gonzalez@iffarroupilha.edu.br

De modo geral, os discursos sobre guerra são informados por uma memória masculina. Trata-se de lembrar dos generais e de suas táticas, dos herois e de seus grandes feitos. Nos discursos sobre a guerra, a participação feminina é raramente trazida à tona. Sua atuação é “esquecida” e “silenciada” em um processo de construção de uma memória “oficial”. A atuação feminina se transmite por meio de redes familiares e de sociabilidade afetiva, “estruturas de comunicação informais que passam despercebidas pela sociedade englobante” (Pollak, 1989, p. 8). Nesse sentido, o presente trabalho visa a dar voz a mulheres que participaram do Exército Vermelho durante a 2ª Guerra Mundial, a fim de contribuir com o combate a certos discursos que diminuem e secundarizam o papel da mulher. Para tanto, analisa-se o livro “A guerra não tem rosto de mulher”, de Svetlana Aleksiévich, o qual registra múltiplas entrevistas de mulheres soviéticas que atuaram no front da 2ª Guerra. A análise exigiu a leitura aprofundada do texto literário seguida de um levantamento de trechos em que a memória oficial, masculina, emergia, revelando as representações que os homens faziam das mulheres na guerra. Como resultados, observou-se que a mulher soviética não restringiu sua atuação ao apoio moral e logístico a soldados homens, mas atuou como franco-atiradora, granadeira, sapadora, etc. Segundo Borges e Borges, “Estima-se que um milhão de mulheres serviu nas forças militares soviéticas nas mais variadas posições.” (2022, p. 199). Essas mulheres, contudo, por vezes eram subestimadas ou idealizadas. Não raro, homens do Exército Vermelho duvidavam de sua capacidade física e de sua moral para o combate. Assim, relatos femininos dão conta de que, sob fogo inimigo, um oficial promete mandar a soldada para a retaguarda. A soldada relata: “Chorei de tão ofendida; aquilo, passar tanto tempo na retaguarda, era para mim pior do que a morte.” (Aleksiévich, 2016, p. 61). Por outro lado, a memória oficial soviética as idealizava. Por isso, quando Aleksiévich conversava sobre seu livro com o censor da antiga União Soviética, ele reclamava: “Depois de livros como esse, quem vai lutar na guerra? Você está humilhando a mulher com seu naturalismo primitivo. A mulher heroína. Destronando-a. Está transformando-a em uma mulher comum. Uma fêmea. E elas são nossas santas.” (Aleksiévich, 2016, p. 24). As combatentes soviéticas, contudo, não devem ser subestimadas nem idealizadas. Elas são, de fato, “pessoas ocupadas com uma tarefa desumanamente humana”. (Aleksiévich, 2016, p. 9).

Referências bibliograficas:

Alexiévich, S. A guerra não tem rosto de mulher. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

Borges, D. B.; Borges, G. B. A outra face da guerra: a militarização das mulheres soviéticas na segunda guerra mundial. Revista Hydra, vol 6, nº 11, nov. 2022. p. 197-232.

Pollak,M. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos históricos, Rio de Janeiro, vol. 2, nº 3, 1989. p. 3-15.

Palavras chaves: memória; mulheres na guerra; Exército Vermelho

Obs.: Este resumo contém 397 palavras