IFFar - Campus Frederico Westphalen
Atualmente, a suinocultura no Brasil vem ganhando destaque como uma atividade de importância no cenário econômico e social, muito devido às mudanças tecnológicas nas últimas décadas, o que fica claro a partir da evolução dos indicadores econômicos e sociais como participações de mercado, exportações, geração de empregos diretos e indiretos. Neste contexto, a sanidade torna-se um importante aliado para o alcance de índices produtivos cada vez melhores. Dentre vários aspectos sanitários que devemos trabalhar, está a qualidade do ar, mais especificamente, a concentração de gases, principalmente o Dióxido de Carbono (CO2) que em concentrações altas, afeta a saúde dos suínos. Convém salientar que com a modernização e climatização, as granjas ficam mais suscetíveis ao acúmulo de gases dentro de suas instalações comprometendo o bem-estar animal. O ideal é que a concentração de CO2 esteja inferior a 0,1% e quando os valores extrapolam esta concentração, começam aumentar as chances de ocorrência de problemas sanitários. Neste trabalho, objetivou-se relatar a ocorrência de casos de caudofagia ou mordedura de cauda e pneumonia, relacionados ao acúmulo de CO2 em uma granja onde se alojam suínos em fase de creche (em torno de 21 a 65 dias de idade). A metodologia aplicada consistiu em entrevista com o proprietário da granja e revisão bibliográfica. Constatou-se o acúmulo de CO2 nas baias distais do galpão como o principal problema relacionado ao manejo na granja, pois a entrada de ar era no meio do barracão. O problema era agravado durante o inverno e fase final do alojamento e apesar da situação ser recorrente em diversos lotes, houve um lote específico, no qual 97 de 2700 leitões (3,59%) alojados manifestaram caudofagia e/ou pneumonia, indo a óbito ou apresentando redução na taxa de crescimento. A caudofagia consiste em um comportamento de causa multifatorial, caracterizado pelo canibalismo da cauda e pode ser causada pelo estresse gerado pelo acúmulo dos gases, enquanto a pneumonia consiste em infecção do sistema respiratório inferior e pode estar relacionada a redução de defesas primárias, uma vez que os gases são tóxicos para a barreira mucociliar. O acúmulo de gases em instalações suinícolas está relacionado a ventilação insuficiente e agrava-se diante da necessidade de temperaturas mais elevadas (22 a 28 °C) quando, a fim de promover o conforto térmico - conforme a fase de desenvolvimento dos animais - se faz necessário desativar ou diminuir a ventilação. Além disso, a produção de gases está diretamente ligada ao metabolismo dos animais, onde na medida que crescem e ganham peso, aumentam a produção destes. Desta forma, conclui-se que o acúmulo de gases, principalmente o CO2, representa uma falha de manejo relacionado a ambiência na produção de suínos, onde as instalações, equipamentos e manejo corretos são indispensáveis para evitar prejuízos na produção. Por fim, o êxito relacionado aos índices zootécnicos esperados é um reflexo direto de práticas relacionadas ao bem-estar dos animais.
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