Colégio Agrícola de Frederico Westphalen
A produção da atividade pecuária baseada em pastagens é sustentada por um princípio simples, a captação da energia solar e sua conversão em proteína e fibra para consumo humano. O conjunto das características morfológicas e aspectos ecofisiológicos de cada espécie são determinantes para uma adequada avaliação. Este processo de avaliação de crescimento assume maior complexidade ao passo que os ecossistemas de pastagem apresentam aumento de diversidade das espécies vegetais via consorciação, prática comum na formação de composições vegetais com a finalidade de produção de forragem. As consorciações apresentam vários sistemas e múltiplas vantagens em comparação ao cultivo de espécies isoladas, incluindo redução na incidência de pragas e doenças, aumento do aproveitamento dos recursos disponíveis, aumento e estabilidade de rendimento através da melhoria das condições microclimáticas e melhoria das condições do solo, à exemplo do input de N no sistema pela adoção de espécies leguminosas. Entretanto, há de se observar que vantagens de rendimento ocorrem quando os componentes da consorciação competem apenas parcialmente pelos mesmos recursos necessários ao crescimento e desenvolvimento vegetal, mantendo uma competição interespecífica inferior à competição intraespecífica. Nos últimos anos, dentre as espécies vegetais adotadas para formação de pastagens de inverno no sul do Brasil, vêm ganhando destaque cultivares de trigo de dupla aptidão, ou trigo duplo-propósito, como é popularmente conhecido. Estes materiais destacam-se pela produção de massa verde e tolerância ao pastejo animal, e ainda, produção de grão para o consumo humano. Com o objetivo de identificar possíveis efeitos interespecíficos entre plantas das espécies forrageiras de trigo duplo-propósito (Triticum aestivum L.) e ervilhaca (Vicia sativa L.) sob diferentes níveis de consorciação, durante o período de crescimento e estabelecimento iniciais da pastagem, procedeu-se o estudo desta consorciação, utilizando-se diferentes padrões de consorciação das espécies supracitadas. Verificou-se que a interação entre as espécies vegetais produziu padrões de crescimento e desenvolvimento distintos de acordo com a proporção em que foram cultivados, sendo que densidades muito baixas para a ervilhaca, associadas a elevada densidade de semeadura do trigo duplo-propósito, ocasionaram um baixo desenvolvimento de ambas as espécies na consorciação, possivelmente devido a aspectos de competição inter- e intra-específica.
Referências bibliograficas:
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