Até então considerado um problema em meados da década de 70 passou a ser transformado em dinheiro. Os dejetos de suínos passaram a ser utilizados na geração de energia, através da biodigestão anaeróbica. Um biodigestor é um equipamento com a finalidade de produção de biogás que por sua vez é composto essencialmente por gás metano (CH4). Este gás pode ser utilizado para queima após a purificação e não obstante o mesmo é convertido em energia através de um gerador. Os biodigestores são constituídos, basicamente, por um misturador, onde a matéria prima e a água são misturados; uma câmara, onde ocorre a fermentação anaeróbica; uma válvula, por onde é drenado o biogás; e uma saída para remoção do biofertilizante. Na agricultura, a principal matéria prima empregada são os dejetos animais, especialmente de suínos e bovinos; este material é misturado à água e disposto em uma estrutura coberta para evitar a presença de ar atmosférico, promovendo um meio anaeróbico, onde as bactérias responsáveis pela fermentação da matéria orgânica agem sobre o material. O biogás proveniente pode ser utilizado na produção de energia mecânica, como em automóveis, ou na produção de energia térmica, como em aquecedores de aves em granjas. O biofertilizante, após ser retirado do biodigestor, pode ser empregado na preparação do solo como fertilizante das culturas agrícolas. Percebendo o potencial de emprego desta tecnologia na região do Médio-Alto-Uruguai, onde concentra-se grande parte da produção suinícola além de uma ampla bacia leiteira do Estado, procedeu-se a confecção de uma maquete abordando o processo de biodigestão anaeróbica, os componentes do sistema e agregação de valor nos subprodutos das atividades pecuárias (dejetos). A implementação de sistemas de biodigestão para o processamento de dejetos oriundos das atividades pecuárias nas propriedades rurais representa uma alternativa econômica interessante a médio-longo prazos, gerando energia e biofertilizante de elevada qualidade. Percebe-se também que há uma elevada demanda por tecnologias “limpas” para a agricultura, uma vez que os ganhos ambientais são evidentes com a redução de gases de efeito estufa como o metano, com potencial poluidor 21 vezes superior ao da molécula de CO2; ainda no campo ambiental, estes benefícios podem ser revertidos em capital econômico com a venda de créditos de carbono, uma vez que a biodigestão anaeróbica de dejetos animais enquadra-se na lista de mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL), e gera quantidade considerável de créditos pela amplitude do volume de resíduos gerados nestas atividades.

Referências bibliograficas:

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