Colégio Agrícola de Frederico Westphalen
A recomendação da aplicação de glifosato em pós-emergência das plantas daninhas com preferência no início do desenvolvimento, podendo ainda em algumas espécies ser aplicada até o início do florescimento. É um herbicida de ação total, sistêmico, não seletivo às culturas, pertencente ao grupo químico dos derivados de glicina e utilizado em jato dirigido. A absorção do glifosato em plantas em geral ocorre pelas suas folhas e caulículos novos; é transportado por toda a planta, exercendo inibição de processos enzimáticos, impedindo a síntese de aminoácidos. Plantas sensíveis a este produto morrem de maneira lenta em poucos dias ou semanas devido à translocação por toda a planta. Na soja transgênica (soja RR®), o glifosato pode ser aplicado visando controle de plantas daninhas mono e eudicotiledôneas. De acordo com o seu registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a dose pode variar de 0,5 a 4,0 litros de produto comercial por hectare. Os agricultores podem optar pela realização de uma aplicação única de 20 a 30 dias após a emergência da soja, ou aplicação seqüencial, iniciando a primeira cerca de 15 dias após a emergência da soja e a segunda de 10 a 15 dias após a primeira aplicação. O ideal é que se faça um criterioso monitoramento da lavoura, através do levantamento do nível de infestação e das espécies de plantas daninhas presentes, para posteriormente optar pela aplicação única ou seqüencial. O glifosato é absorvido pelas regiões clorofiladas das plantas, principalmente pelas folhas e outros tecidos verdes. Este herbicida age na planta inibindo a ação da enzima EPSPS (Enol piruvil shiquimato fosfato sintase) por competição pelo PEP (fosfoenolpiruvato), impedindo a transformação de shiquimato em corismato, o qual é precursos dos aminoácidos fenilalanina, tirosina e triptofano. A soja transgênica (soja RR®) possui uma rota bioquímica alternativa para síntese destes aminoácidos, sendo tolerante à aplicação de glifosato. Dado a dificuldade de controle das plantas daninhas, as doses de glifosato aplicadas vêm sofrendo constantes incrementos, sem uma preocupação com o metabolismo da planta da cultura tolerante ao mesmo. Apesar da tolerância da soja RR® ao herbicida, não se sabe exatamente qual é esta tolerância e se existe a possibilidade de ocorrência de efeitos adversos no estabelecimento da lavoura e na produtividade. Com o intuito de verificar um possível limite de tolerância ao glifosato em plantas de soja RR® realizou-se o presente estudo. Plantas de soja (Glycine max L. Merr.) da variedade NA 5909 foram semeadas em sacos destinados a produção de mudas e cultivadas até 20 dias após a emergência, ponto em que recomenda-se a aplicação de glifosato. Seguiram-se os tratamentos de glifosato nas seguintes concentrações: 0; 2,5; 4 e 10 L/ha com a finalidade de observar diferentes padrões de crescimento ocasionados pela molécula química nas plantas.
Referências bibliograficas:
ABU-IRMAILEH, B.E.; JORDAN, L.S.; KUMAMOTO, J. Enhancement of CO2 and ethylene production and cellulase activity by glyphosate in Phaseolus vulgaris. Weed Science, v. 27, n. 1, p. 103-106, 1979.
BAUR, J.R. Effect of glyphosate on auxin transport in corn and cotton tissues. Plant Physiology, v. 63, p. 882-886, 1979.
FRANZ, J.E. Discovery, development and chemistry of glyphosate. In: GROSSBARD, E. & ATKINSON, D. (Ed.). The herbicide glyphosate. Chapter 1. London: Butterworths & Co. Ltda., 1985. p. 3-17.
GROSSBARD, E. Effects of glyphosate on the microflora: with reference to the decomposition of treated vegetation and interaction with some plant pathogens. In: GROSSBARD, E. & ATKINSON, D. (Ed.). The herbicide glyphosate. Chapter 11. London: Butterworths & Co. Ltda., 1985. p. 159-185. GRUYS, K.J.; SIKORSKI, A. Inhibitors of tryptophan, phenylalanine