Colégio Agrícola de Frederico Westphalen
Dado o elevado grau de dependência na importação de insumos utilizados no Brasil para correção das deficiências minerais dos solos agrícolas, o estudo de novas fontes alternativas para substituir ou minimizar o uso destes, barateando assim os custos de produção dos agricultores, vem apontando o potencial da técnica de rochagem. A grande abundância de matéria-prima no território nacional sinaliza a utilização destes minerais como produtos agrícolas, entretanto alguns aspectos técnico-culturais apresentam-se em face desta tecnologia. Tecnicamente, os atributos químicos do material a ser utilizado exercem grande influência sobre seu uso, uma vez que determinadas rochas apresentam uma constituição mineral peculiar, por vezes até indesejável, como no caso da presença de elevadas concentrações de metais pesados. A granulometria do pó-de-rocha e a solubilidade do mesmo também são aspectos de elevada importância, considerando as elevadas exigências nutricionais das principais culturas agrícolas modernas. Por outro lado, existe ainda o aspecto cultural, que requer uma substituição gradativa do uso de fertilizantes convencionais pelo produto alternativo a base de rocha, além da ausência de uma legislação específica que normatize a produção e comercialização destes materiais. Vislumbrando o potencial de utilização da rochagem na agricultura, desenvolveu-se o presente estudo. Foram acondicionados em vasos plásticos 3kg de substrato nas seguintes combinações: apenas latossolo; latossolo corrigido com adubo mineral NPK 10-20-10 na proporção de 350 kg/ha; latossolo corrigido com 2000, 4000 e 6000 kg/ha de pó-de-rocha basáltica; apenas areia; areia corrigida com adubo mineral NPK 10-20-10 na proporção de 350 kg/ha; areia corrigida com 2000, 4000 e 6000 kg/ha de pó-de-rocha basáltica. Em cada vaso foram plantadas três mudas de alface americana (Lactuca sativa), com intuito de avaliar o desenvolvimento inicial das plantas e possíveis sintomas visuais de deficiência nutricional decorrentes da carência de algum elemento mineral. No desenvolvimento inicial das plantas não pode ser observada influência do substrato sobre as mesmas, apresentando padrão uniforme de crescimento e ausência de sintomas visuais de deficiência mineral. Possivelmente, os requerimentos nutricionais destas plantas nos estádios iniciais de crescimento e desenvolvimento sejam menores comparados àqueles das plantas em um estádio já mais avançado, de forma que há necessidade do acompanhamento destas até desenvolvimento completo. A ausência de sintomas visuais de deficiência não isenta a planta de uma possível carência de nutrientes ou de algum em específico, para tanto o ideal seria proceder a uma análise de tecido vegetal, inclusive para verificação de elementos traço no material. Nos estádios iniciais de desenvolvimento de plantas de alface, o pó-de-rocha basáltica representa uma alternativa interessante aos fertilizantes minerais convencionais, visto não acarretar, visualmente, em deficiência nutricional das plantas e não possuir histórico de presença de elementos traço.
Referências bibliograficas:
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